"Enquanto existe vida, existe saída."
Setembro Amarelo Este é o mês de prevenção do suicídio! Vamos falar sobre isso?
Sim, prevenção. Porque é possível prevenir o suicídio e você pode fazer alguma coisa, seja por si mesmo ou pelo outro.
E um dos caminhos mais eficazes é falar sobre este assunto. Mesmo que você não esteja pensando em suicídio, uma pessoa ao seu lado pode estar considerando tirar a própria vida, sofrendo calada e, talvez, você nem saiba disso. Por esse motivo, se conhece alguém que está passando por um momento difícil, não hesite em falar sobre isso. E compartilhe este post para que mais pessoas possam voltar a ter esperança na vida e buscar ajuda!
“Sabe aquela ideia de “quem só tem martelo pensa que tudo é prego”?
Imagine que você só tenha martelo na sua caixinha de ferramentas da vida. Ele funciona muito bem quando você precisa pregar um prego na parede. Mas se você precisar colocar uma estante, precisará de uma furadeira e de parafusos. O seu martelo e seu prego não servirão. Você pode até tentar dar marteladas no parafuso mas a chance de sua estante cair é muito grande. E se você não souber que existem outras ferramentas no mundo, pode ter aquela sensação de impotência…”não consigo, não dá, não há meios de ter uma estante na parede… Desisto”.
Nos desafios que a vida nos apresenta, não é diferente. Devemos ter uma série de “ferramentas” para lidar com diversas situações e sentimentos.
Principalmente nos momentos difíceis. Principalmente quando estamos pensando em desistir da vida. Principalmente quando estamos pensando em suicídio.
Quando uma pessoa chega a esse ponto, tem a sensação de que “não há mais jeito”, não tem saída”, “já fez de tudo que estava ao seu alcance”. E é nesse “alcance” que pode estar a diferença entre a vida e a morte.
Ela pode realmente ter tentado tudo que estava ao seu alcance, mas o problema é que, se ela só tem martelo, esse alcance é muito limitado.
Por não falarmos sobre isso, por esse assunto ser um tabu, talvez você não saiba que muitas, muitas pessoas já tiveram o desejo de morrer. Talvez você mesmo. Vai me dizer que nunca pensou que queria dormir e só acordar quando “tudo passar”? Isso é muito natural e não significa que você esteja pensando em suicídio.
Desejo de morrer ou de só acordar quando “passar” não é sinônimo de suicídio. Na maioria das vezes, desejo de morrer é desejo de se livrar da dor, das situações que parecem insuportáveis e que nos dão a SENSAÇÃO de que não vamos conseguir sair disso. Mas nos damos o BENEFÍCIO DA DÚVIDA. O suicida não tem mais dúvida e nem a sensação de que vai conseguir sair disso. Ele tem certeza de que a única forma de estar melhor é tirando a própria vida.
A diferença de quem quer se livrar do sofrimento e opta por continuar vivendo e de quem quer se livrar do sofrimento e se mata está relacionada com os recursos emocionais para lidar com as dificuldades da vida = ferramentas.
A pessoa que tem mais recursos olha na caixinha de ferramentas e pode descobrir escondidinha lá no fundo uma chave de fenda, uma furadeira, um alicate. Ok, pode fazer tempo que ela não usa, talvez nunca tenha usado e nem tenha habilidade. Mas a ferramenta está lá. Ou ela sabe que pode procurar por essas ferramentas fora dela e tem autoconfiança que pode aprender a usá-las até que se tornem parte da sua caixa.
A pessoa que não tem recursos olha na caixinha de ferramentas e não vê nada que possa ser útil naquele momento. Se vê algo lá no fundinho, que usou pouco ou nunca usou, não está autoconfiante que pode aprender a usá-las. E não consegue ver que pode ir atrás dessas ferramentas para desenvolver habilidades e torná-las parte da sua caixa.
E temos tanto medo de entrar em contato com isso, falamos tão pouco sobre o desejo de morrer e de suicídio, que quando nos deparamos com a ideia de que alguém pode estar tentando se matar, entramos em desespero e, muitas vezes, trocamos os pés pelas mãos na hora de tentar ajudar alguém. Não é por mal. É por medo de perder essa pessoa, por falta de informação, por existir um enorme TABU para falar sobre a morte na nossa sociedade e, principalmente, por querermos tirar essa pessoa do sofrimento e salvar a vida dela.
O que não ajuda?
Ter medo de falar sobre isso. Se você perguntar se a pessoa está pensando em se matar, ela não vai dizer para você “não estava pensando nisso, mas me parece uma ótima ideia”!
Julgar, criticar. Dizer coisas como: Sua vida é ótima, pare de bobeira, pense nas crianças passando fome na África… Eu, no seu lugar, faria… (Lembra que cada pessoa tem sua própria caixa de ferramenta e não a sua?) Você vai para o inferno…
Falar mais que ouvir. Você não tem a solução para a vida do outro, mas ele pode descobrir algum caminho dentro dele quando fala sobre isso.
Não perguntar EM QUE você pode ajudá-la.
Fingir que nada está acontecendo.
Não acreditar nos sinais que a pessoa está dando (não é verdade que quem diz que vai se matar não vai se matar. Isso é um mito.)
E por que é importante falar isso?
Porque a pessoa está tão desesperada, que não consegue ver outras ferramentas na sua caixa já completamente bagunçada. Porque ela pode estar tão confusa e sufocada com seus sentimentos, que precisa colocar isso para fora, DESABAFANDO. Porque você pode e deve informá-la que existem pessoas que podem ajudá-la a encontrar mais ferramentas e ensiná-la a usá-las = Psicólogos. Porque uma das ferramentas que você pode ter na sua caixinha e que pode ajudá-la é uma escuta compreensiva (empática), um olhar carinhoso, um “eu me importo com você, você é importante para mim”.
Segundo o CVV (Centro de Valorização da Vida), o suicídio é considerado um problema de saúde pública e mata um brasileiro a cada 45 minutos e uma pessoa a cada 45 segundos em todo o mundo. Pelos números oficiais, são 32 brasileiros mortos por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer.
Pelo menos o triplo de pessoas tentou tirar a própria vida e outras chegaram a pensar em suicídio. Apesar de números tão alarmantes, o assunto ainda é tratado como tabu. Evita-se falar sobre isso, o que só colabora para o aumento dos casos, pois as pessoas, muitas vezes, não sabem que podem procurar ajuda.
Por isso, faço um apelo: FALE SOBRE ESTE ASSUNTO. Seja porque você ou porque desconfia que alguém aí, do teu lado, está considerando o suicídio como a única alternativa para sentir-se melhor. Compartilhe este texto e outros textos sobre o tema, leia, se informe e fale sobre isso.
E mesmo que você não esteja pensando em suicídio, quando o desejo de morrer está maior do que a vontade de viver, quando você tem vontade de sumir ou de só acordar quando “tudo passar”, se a sua vida está perdendo o sentido e você não vê mais valor em si, é hora de procurar ajuda psicológica. E a hora é agora!
Lembre-se: Enquanto existe vida, existe saída.
Conte comigo se estiver precisando de ajuda.
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